terça-feira, 24 de agosto de 2010

still see you in bed

Dando uma geral no desktop encontrei um texto antigo. Muito estranho reler, ainda mais nesse momento, onde meus pensamentos não pousam e constantemente me fazem viajar para longe daqui. Segue...


O plácido repouso em que deixamos o amor adormecer esfriou-se pelo nosso abandono, e, hoje, precisamos de muita força na vista para recordar o que moveu a nós e à vida. Perdemos a juventude do romance e demos voltas incertas sobre um ponto que relutávamos em chamar de final. E discutimos em vão tantas vezes porque o texto já havia mesmo terminado. Enfim, a sensação de perda não poderia doer porque em meu colo ainda te deitavas, alegre e fugaz, por mais que soubéssemos que nenhum dos dois, afinal de contas, ainda permanecia ali. Enganamos a nossos olhos e debochamos daquele amor triste que perdemos, e dentre tantas ilusões que criamos, covencemo-nos de que todas valeriam a pena se não nos reconduzisse direto à verdade cuja face nossa fraqueza não gostaria de encarar.

O tempo, lento em indiferença a nossas preces, calou nossos vacilos, para que deixássemo-nos ver. E assim o vimos, o plácido repouso do nosso amor, abandonado, indefeso e fraco. E vimos a distância entre o que somos e o que poderíamos ter sido. E vimos também a nossa fuga, desesperada em reconhecer que poderia desesperar-se. E sobramos, então, nesse nada em que estamos.
...Sobramos.

Com um amor abandonado, um choro incerto e um final em aberto. O coração cheio de esqueletos e de rancores, talvez traumatizado ou renascendo para novos amores. Com o coração bem grande, com dores não tratadas e com um olhar um pouco frio. Um coração meio desmontado, com lixo por todo lado e completamente bagunçado.
...E vazio.

Um comentário:

  1. Passei para conhecer seu blog, por curiosidade meu olhar ficou deslumbrado com tantos poemas lindos....
    Se permites estarei sempre fazendo-lhe visitas..
    Te sigo com carinho
    Preciosa Maria

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