segunda-feira, 24 de maio de 2010

Anjos e Marujos

E se um dia tu acordasses com a estranha sensação de que perdeu o que nunca teve? Como se tivessem lhe arrancado da alma o que parecia ser tão certo?...


Devo admitir o quanto é errôneo o fato de me apaixonar pelo distante, mas este já significa mais que um amontoado de denominações biológicas; no meu âmago ele representa idéias, as quais me cativaram e fizeram com que eu me tornasse dependente daquele desconhecido tão inóspito. Durante quase um ano, aquele forastero teve consigo meus pensamentos, minhas angústias, meus anseios. Foi meu fiel amigo, meu abraço acolhedor, minha consciência de choro, meu silêncio compartilhado - muitas vezes inconsciente e sempre longínquo.

O apego foi inevitável, o convívio gerava uma inquietude da alma, e quanto mais compartilhávamos a vida mais desejo era avivado naquela nossa porção de juventude. Planos foram feitos, idealizados, sonhados, sem a idéia de fim; tudo era certo, mas tão certo quanto o erro de ser barco a motor e insistir em usar remos.


E se um dia eu acordar com a estranha sensação de que perdi o que nunca tive? Toca a sirene: pensamento incorreto. Eu o tive, talvez não da maneira como esperava, porém o tive de coração e opiniões, sem imagens, paradigmas ou hipocrisia. O tive o suficiente para aprender, para tomar consciência de mim, para saber o que me espera nesse mundo doido.



Minha avó costuma dizer que todas as pessoas passam na nossa vida com um propósito. Algumas são apenas anjos que nos sobrevoam, estudam e apontam a direção. São exatamente o que necessitamos naquele momento; não podemos exigir que fiquem - puro egoísmo! – afinal, sua missão em nossa vida já foi cumprida.

Um comentário:

  1. Guilherme Camardelli8 de junho de 2010 às 00:15

    foi o texto mais fantástico que eu já li de um não escritor. Pela primeira vez o abstrato me convenceu

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